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Dj Fernando do Vale

domingo, 29 de maio de 2011

ABGLT acusa evangélicos por vídeo falso; Garotinho nega

Entidades vinculadas à produção do kit anti-homofobia sustentam que os vídeos entregues à presidente Dilma Rousseff não são de autoria do grupo de trabalho designado pelo Ministério da Educação para desenvolver o projeto. A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT) acusa a bancada religiosa de deturpar materiais, mostrando-os como parte do kit.
O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, nega que Dilma teve acesso aos vídeos por meio de sua bancada, e diz desconhecer quem os encaminhou à presidente. No entanto, garante, convicto, ser verdadeiro o material que chegou às mãos dela:
- É verdadeiro. Os vídeos foram, inclusive, pagos pelo Ministério da Educação. Nós temos um ofício do ministro respondendo ter contratado para isso.
Ele reitera:
- Não fomos nós que entregamos os vídeos que ela assistiu. Deve ter sido o próprio MEC que entregou a pedido dela.
Segundo o presidente da ABGLT, Toni Reis, Dilma teve acesso a uma animação feita a partir de apresentação em Power Point, realizada durante audiência pública para "avaliação dos programas federais de respeito à diversidade sexual nas escolas", ocorrida no Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com informações do site da instituição, a exibição do conteúdo foi feita pelo presidente do Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (FENASP), Wilton Acosta.
- Há um (arquivo de) Power Point que os evangélicos montaram para apresentar no Ministério Público durante a audiência. Não tem alhos nem bugalhos. Pegaram parte de um material dirigido a usuários de drogas, a prostitutas, à prevenção da Aids. Transformaram em vídeo e levaram para a Dilma. Não tem nada a ver com o kit Escola Sem Homofobia. A presidente está comprando gato por lebre - diz.
Em seguida, ele indaga:
- Já pensou ensinar para adolescentes coisas como: "não use drogas sozinho"? Foi esse material mostrado à Dilma. O original não mostra cena de sexo, não fala em Aids. Fala sobre cidadania. Eu idealizei. Queremos fazer uma coisa decente.
Garotinho confirma que a apresentação em Power Point levada ao MPF fora preparada por representantes evangélicos. Conforme o deputado, o material mostrado durante a audiência foi produzido a partir de uma espécie de cartilha elaborada por uma "entidade que lidera o movimento LGBT". O parlamentar diz acreditar que isso seria entregue em instituições de ensino e, por esta razão levaram ao MP.
- Provavelmente pretendem distribuir isso nas escolas. Procuramos o Ministério para informar que isso estava sendo produzido.
FONTE :

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Para evitar convocação de Palocci, Dilma suspende distribuição de “kit gay”




BRASÍLIA(O GLOBO) - Diante da reação negativa das bancadas religiosas, a presidente Dilma Rousseff mandou suspender a produção e distribuição de vídeos e cartilhas contra a homofobia, organizados pelos ministérios da Educação e da Saúde. A decisão da presidente foi informada, nesta quarta-feira, pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, a deputados das bancadas evangélica, católica e da família, que ameaçaram obstruir as votações de interesse do governo na Câmara, convocar o ministro da Educação, Fernando Haddad, e apoiar a convocação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, caso o material fosse distribuídos às escolas. Segundo Gilberto, a presidente considerou o material inadequado. 
 - O governo mantém sua posição clara contra qualquer tipo de homofobia, e as bancadas também se declararam contra a homofobia. Mas o governo achou prudente não editar esse material que estava sendo preparado no MEC. A presidente decidiu a suspensão desse material e do vídeo produzido por uma ONG. O governo decidiu também suspender a distribuição desse material – disse Gilberto, que recebeu os parlamentares no Palácio do Planalto.
Segundo o ministro, a partir de agora todo o material sobre costumes será feito a partir de consultas mais amplas à sociedade e às bancadas, com a da educação, a da família e as religiosas.
- É importante que esse material, para ser produtivo, para atingir o seu objetivo, seja fruto de uma ampla consulta na sociedade, para não gerar esse tipo de polêmica que acaba prejudicando a causa para o qual foi destinado. Qualquer outro material, daqui para frente, editado pelo governo sobre a questão de costumes passará pelo crivo amplo da sociedade e das bancadas interessadas – afirmou.
Gilberto disse que essa posição do governo não representa um retrocesso:
- O que o governo está fazendo é aprofundando o diálogo. Se você produz um material que sofre uma tamanha contestação, o objetivo para o qual ele está destinado é prejudicado. É preferível que você produza um material com mais diálogo para atingir o objetivo. Não se trata de recuo, mas de um processo mais aprofundado de diálogo.
Segundo Gilberto, a presidente “assistiu ao vídeo e não gostou”. A presidente vai conversar com os ministros Haddad e da Saúde, Alexandre Padilha, sobre a produção de material que tratam de questões de costumes.
- Ela acha que o vídeo era impróprio para o seu objetivo. Não se trata de uma posição só de aparências.
A presidente tem as suas convicções e acha que o material é inadequado. Ela foi muito clara nesse sentido e determinou que esse material não circule oficialmente por parte do governo – afirmou.
O líder do PR na Câmara, Linconl Portela (MG), disse que a preocupação dos parlamentares das bancadas religiosas é com a “didática do material”. Na avaliação desses parlamentares, o material contra a homofobia induz à homossexualidade.
- A didática é muito agressiva. Às vezes, é preciso ser mais agressivo, mas também é preciso ter cuidado para que a dosagem do remédio não seja acima da necessidade. Estamos preocupados com a maneira virulenta com que esse material está sendo apresentado – disse o deputado.
Os próprios parlamentares reconheceram que o material não está sendo distribuído às escolas, mas que os vídeos vazaram na internet. Mesmo assim, eles ameaçaram atrapalhar o governo no Congresso, caso não houvesse uma revisão do material contra a homofobia.
- Nós oferecemos o diálogo e eles que tomassem a atitude que achassem consequente. Eles que decidiram suspender aquela história que eles estavam falando. Não tem toma lá dá cá – afirmou Gilberto.

domingo, 22 de maio de 2011

'Conservadorismo' no Congresso é obstáculo a direitos de gays, diz Marta


Vice-presidente do Senado disse que diálogo pode vencer resistências.
Ela participou do 8º Seminário LGBT, realizado na Câmara nesta terça.


A vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), afirmou nesta terça-feira (17) que o "conservadorismo de setores do Congresso" é o maior obstáculo à aprovação de leis para garantir direitos a homossexuais.
Relatora de um projeto que prevê punições para quem discriminar homossexuais, a senadora afirmou que trabalha por um diálogo que crie condições para a votação de um texto que, embora não seja o ideal, possa ser o “possível” de ser aprovado.
“O conservadorismo de setores do Congresso representa um grande desafio. Mas o parlamento é a capacidade de dialogar e tentar, senão o projeto ótimo, mas o que possa ser possível [de ser aprovado]”, afirmou Marta, que nesta terça participou da abertura do 8º Seminário LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais –, promovido pela Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT do Congresso Nacional. O evento será realizado durante as comemorações do Dia Internacional de Luta contra a Homofobia.
O projeto relatado por Marta Suplicy está em discussão na Comissão de Direitos Humanos do Senado e prevê punições para quem impedir manifestações de afetividade entre homossexuais em locais públicos, quem recusar ou sobretaxar a compra ou a locação de imóveis em razão de preconceito, ou quem, pelo mesmo motivo, prejudicar recrutamento, promoção profissional ou seleção educacional.
Parlamentares de alas conservadoras criticam a proposta por acreditar que ela poderia restringir o direito de culto e expressão.
Na quinta (12), a própria Marta Suplicy chegou a retirar a proposta da pauta da comissão para debater mais as divergências. Ao justificar a retirada da matéria, ela argumentou ter ficado impressionada com a rejeição por parte de igrejas cristãs, diante do temor de que a proposta poderia restringir liberdades de culto e de expressão.